Vi essa matéria no site: http://www.anmtv.xpg.com.br escrita por Erika Tsuha , achei simplesmente perfeita ela escreveu tudo que eu e acredito vocês também pensam, vale conferir:
Um dos assuntos que mais se desenrola nos comentários do ANMTV é o porquê de os canais de TV, tanto os abertos quanto os pagos, não exibirem animes com regularidade. Não pretendo expor os lados vantajosos de adquirir um anime, mas sim dar uma de “advogada do diabo” e mostrar justamente o oposto, o lado dos donos das emissoras.
Amadorismo e falta de planejamento
É notório o abismo que existe entre os licenciantes de animes e os de desenhos animados ocidentais, americanos em sua maioria. Enquanto o primeiro apenas oferece suas atrações, o segundo cria uma enorme estratégia de lançamento e já prepara a venda de produtos relacionados, como cadernos e brinquedos.
Não existe coordenação, e um excelente exemplo disso é One Piece. Enquanto a Panini tem ensinado as outras editoras como se deve lançar um mangá, a versão animada da obra de Eiichiro Oda não teve o mesmo tratamento. É tão difícil assim fazer uma estratégia para lançar um produto X ao mesmo tempo em duas mídias diferentes?
Os animes são uma via para trazer o grande público aos mangás, que aumentam em vendas por conta da exposição na TV. É impossível conquistar leitores fora do mundinho otaku sem isso.
Em contrapartida, a Disney em breve estará colocando no mercado o licenciamento da animação Ultimate Spider-Man. Logo de cara se trata de um personagem que faz parte da cultura pop, possui quadrinhos nas bancas regularmente, vai ter um novo filme nos cinemas e tem os mais diversos brinquedos nas lojas.
Será que os canais de TV são realmente os grandes vilões e não querem comprar animes simplesmente por birra? Parece que não.
Todo anime é shōnen e violento
Também não podemos culpar as empresas por não quererem patrocinar a exibição de animes, afinal todos são violentos e vão contra os valores familiares. Ao menos é o que os departamentos de marketing e as agências publicitárias aprenderam assistindo TV, pois aqui as distribuidoras só trazem shōnen com lutas ou mahō shōjo que têm personagens com sexualidade duvidosa.
Nenhuma empresa vai querer atrelar sua marca com um programa que pode ir contra a “moral e os bons costumes” da família brasileira.
Censura, classificação indicativa e o politicamente correto
Os dias de hoje são outros. Não é mais possível exibir um personagem arrancando uma orelha do inimigo em pleno dia. O controle do que é exibido na TV é maior, ainda mais se tratando de um programa infantil. Não podemos nos esquecer das fortes multas impostas pelo governo brasileiro caso a programação fuja dos horários previstos pela classificação indicativa, podendo inclusive, em caso de novo descumprimento, o canal perder a concessão.
A mesma situação tem acontecido em outros países, principalmente nos do continente americano. Não é sem motivos que os animes já chegam editados, pois possibilita uma maior chance de os canais terem interesse em adquirir, mas obviamente perdemos muito da história assim.
Enquanto isso, os desenhos do Cartoon Network, da Disney e da Nickelodeon não sofrem nada disso, pois desde o inicio foram produzidos dentro do conceito de programação infantil para nós ocidentais.
Restrição comercial e menor perspectiva de lucro
Novamente o governo brasileiro colocando o dedo para “atrapalhar” a vida dos blocos infantis na TV aberta. Depois de impedir que desenhos violentos influenciem negativamente as crianças, agora irá protegê-las contra os comerciais indesejados.
Se já era difícil conseguir patrocínio para exibir animes, imagine agora. Somando a repulsa de muitas empresas contra os animes,com o menor leque de anunciantes, a situação piora. Canais como Globo, SBT e Band não são feitos para caridade e querem lucro.
O exemplo
Sabendo dos fatos acima, tomemos um exemplo. Sou dona de uma emissora de TV e tenho horário na minha grade de programação para apenas uma série, em que devo escolher entre:
Justiça Jovem, uma animação que tem todos os ingredientes para dar certo. É produzida pela Warner, é baseada em personagens que estão na mídia e é praticamente uma continuação do desenho de sucesso Liga da Justiça, ao menos para o telespectador leigo.
Os Cavaleiros do Zodíaco, um anime conhecido pelo público brasileiro e que já gerou grande audiência no passado. Porém, vou ter dificuldade em conseguir anunciantes e ainda vou ter que editar todos os episódios para poder ganhar classificação livre. Para “ajudar”, os fãs não gastam um centavo com produtos, que poderiam patrocinar a exibição, e ainda vão reclamar de qualquer edição que possa viabilizar o projeto.
O resultado? Escolho nenhum dos dois, acabo com o bloco infantil do meu canal e crio um novo programa de variedades, onde consigo vender com maior facilidade minhas cotas de patrocínio com uma atração de baixo orçamento. E viva o capitalismo!
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